Faltam hoje 707 delegados de polícia no estado de São Paulo. São 20 cargos vazios a mais do que em julho deste ano, quando o déficit de delegados era de 687. O Defasômetro do SINDPESP foi atualizado em 31 de agosto passado.
Os dados permanecem no mesmo patamar desde que passaram a ser divulgados, em outubro de 2017 (confira todas as tabelas em https://sindpesp.org.br/defasometro.asp), mas o rombo vem de longa data, pois foi gerado pelos governos que ocuparam o executivo nos últimos vinte anos, no estado. O déficit total da Polícia Civil paulista, hoje, é de exatos 13 mil cargos, mais de um terço do total previsto em lei.
A nova divulgação do Defasômetro atualizou os números de todas as carreiras. Faltam 3.014 investigadores, 2.847 escrivães, 911 agentes policiais, 841 agentes de telecomunicação, 293 papiloscopistas, 441 auxiliares de papiloscopista, 263 médicos legistas, 374 peritos criminais, 120 fotógrafos, 37 desenhistas, 47 auxiliares de necroscopia e 148 atendentes de necrotério.
Os carcereiros somam 2.957 cargos extintos. O SINDPESP considera inaceitável a extinção do cargo sem que o fato não seja contabilizado como perda. No lugar do que sai, deveria ingressar um funcionário de outra carreira, pois todo policial civil operacional colabora nas tarefas de uma delegacia, seja no atendimento ao cidadão, na investigação, na condução de viatura ou outros serviços. O carcereiro, hoje, ainda mais com o imenso déficit imposto à Polícia Civil, tem valiosa contribuição em todas essas atividades.
Com as aposentadorias, o déficit cresce ainda mais
A nova tabela do Defasômetro mostrou, ainda, que já existem pelo menos 837 pedidos protocolados de aposentadorias. Somando-se o número, é verdadeiro dizer que o déficit já alcança 13.837, sem contar eventuais pedidos feitos após o dia 31 de agosto, quando a tabela foi fechada. Cabe frisar que, desde que esses dados passaram a ser divulgados, o mês com o maior número de pedidos de aposentadorias foi o de fevereiro de 2018, com 1.464 (confira em https://sindpesp.org.br/defasometro.asp?dd=6).
“Quando a Polícia Civil tem mais de um terço do seu efetivo sem gente, sem funcionários, a população é a maior prejudicada. Os policiais, pela vocação e amor ao que fazem, não param, se desdobram para cumprir suas tarefas, mas é humanamente impossível realizar tudo o que seria necessário”, afirma Raquel Kobashi Gallinati, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (SINDPESP).
“A sociedade precisa compreender que somente a investigação realizada pela Polícia Civil é que pode realmente atingir as grandes quadrilhas responsáveis pelos milhares de delitos que acontecem a cada minuto nas cidades. A inteligência policial é que consegue colocar atrás das grades os chefes, aqueles que, uma vez fora de circulação, são mais difíceis de serem substituídos, o que impacta na criminalidade, beneficiando a população de bem”, explica Raquel.
“O próximo governador tem a obrigação moral de reverter esse quadro inadmissível a que chegou a Polícia Civil do Estado de São Paulo, por conta da política equivocada de segurança pública dos governos dos últimos vinte anos, que privilegiaram apenas o confronto e a polícia ostensiva”, completa a presidente.