“A Polícia Civil do estado de São Paulo possui os índices de produtividade que tem, em comparação com as outras polícias do Brasil, porque seus integrantes dão o sangue para manter a produção”. É dessa maneira que profissionais da segurança pública exercem suas funções na região com o segundo maior índice de deficit de policiais civis de todo o Estado, o Deinter 7 (Sorocaba): com equipe reduzida, delegados atuando em duas ou três delegacias e consequentemente, sobrecarga exaustiva de trabalho.
Esta e outras situações de penúria foram relatadas à presidente do SINDPESP, Raquel Kobashi Gallinati, e ao vice-presidente, Gilberto de Castro Ferreira, na visita ocorrida ontem (25/07), na Academia de Polícia de Sorocaba. Delegados se reuniram com a representante da classe e expuseram os reflexos que a falta de quase mil policiais acarreta no dia a dia. Na Seccional de Itapeva, por exemplo, há apenas 10 funcionários responsáveis pela delegacia, como contou um delegado. “Cuidamos de três DPs, mas quando algum (delegado) sai de férias, esse número sobe para quatro ou cinco”, afirmou.
Para começar a resolver o problema, o SINDPESP tem cobrado, insistentemente, o Governo do Estado para abertura de novos concursos e nomeação aos que já foram aprovados. Entretanto, há uma morosidade nas duas situações. “A partir do momento em que não se investe na Polícia Judiciária, que tem a atribuição legal e constitucional de investigar, deixamos a população totalmente desprotegida, vulnerável e à mercê da criminalidade. Com isso, não se dá a certeza do castigo a quem pratica o crime”, criticou Raquel Gallinati.
Segundo o Defasômetro do SINDPESP, estudo que mostra o número de policiais faltantes no quadro, seriam necessários 1.045 policiais na região para atender à lei. Apesar deste problema, Sorocaba é uma das cidades com o melhores índice de produtividade. “A Polícia Civil trabalha bem, somos competentes. Mas precisamos de uma reestruturação física, material e humana. Aquele governo que teve o apoio do povo tem que, o mais rápido possível, corrigir essa deficiência, afinal, a segurança pública é o tripé dos direitos sociais”, disse a presidente.
O vice-presidente do SINDPESP, Gilberto Ferreira, ressaltou que o sindicato está trabalhando para conseguir o reajuste salarial. Foi apresentada na Assembleia Legislativa, pelo deputado Bruno Lima, uma emenda que visa a garantia de recomposição ou aumento salarial aos policiais civis para o próximo ano.
Foram esclarecidas ainda as questões do vale-alimentação, os desdobramentos da Reforma da Previdência no Senado e funcionamento das cadeias públicas, problema relatado em outros Deinters.
No dia 06 de agosto o SINDPESP fará sua última visita para mapear as condições de trabalho dos policiais em todas regiões do estado. O destino será o Deinter 4, de Bauru. “O que esperamos é que com esse cronograma de ações, de apresentar as principais deficiências de cada localidade, o governador aceite os erros e corrija o mais rápido possível. Afinal, não é possível que estejamos no estado mais rico da federação com a sociedade desprotegida”, afirmou Raquel.