Exatamente um ano atrás, o jornal O Estado de S.Paulo publicava reportagem com o título “Estado deixa de cobrir 1/6 dos cargos de delegado e 1/4 das vagas de investigador”. À época, os jornalistas Felipe Resk, Bruno Ribeiro e Marcelo Godoy, informavam que o déficit na Polícia Civil paulista era de “13.913 policiais, ou, cerca de 30% do efetivo fixado”. Nada mudou.
Hoje, levantamento realizado pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, o Sindpesp, mostra que o déficit é de 13.235 policiais. Só o de delegados era, em 2016, de 560. Hoje, esse número subiu para 685, 22% a mais.
A falta de profissionais da Polícia Civil tem consequências graves para a sociedade. A principal é que as quadrilhas não são investigadas como deveriam e seus lideres ficam soltos. “A Polícia Civil de São Paulo está limitada em sua atuação, pois, sem estrutura, é muito difícil investigar adequadamente e colocar atrás das grades os ‘cabeças’ da criminalidade, aqueles que de fato lideram as quadrilhas que diminuem a sensação de segurança das pessoas”, explica Raquel Kobashi Gallinati, presidente do Sindpesp.
“Um delegado trabalha por quatro delegados, um escrivão e um investigador, por cinco escrivães e cinco investigadores. Não é possível que o Governo de São Paulo não enxergue o que está fazendo contra a segurança pública ao decidir deliberadamente não olhar para a Polícia Civil”, afirma Raquel. Hoje, no estado, faltam 2.766 escrivães de polícia e 3.413 investigadores.
Aposentadorias agravam o problema
De 1º de Janeiro de 2017 a 07 de setembro de 2017, houve 1.089 aposentadorias na Polícia Civil. Foram 75 delegados, 341 escrivães e 290 investigadores. Este número, de 1.089, já é maior do que todo o ano de 2016, em que houve 1.087 aposentadorias.
Junte-se, a esse déficit, o número de exonerações: de 1º de Janeiro de 2017 a 07 de setembro de 2017, houve 248 exonerações na Polícia Civil. E o número de falecimento de policiais civis: de 1º de Janeiro de 2017 a 07 de setembro de 2017, houve 65 falecimentos na Polícia Civil.
A lei da aposentadoria compulsória, a 144/14, é recorrentemente usada pelo Governo de São Paulo para tentar explicar o déficit. Ocorre que esta lei, desde 15 de maio de 2014, aposentou compulsoriamente nada mais que 678 policiais civis.
“É preciso que o Governo de São Paulo abra concursos para a Polícia Civil e pare de bloquear recursos necessários não só para custeio como também para o investimento em estrutura, viaturas e tecnologia. A quem interessa o sucateamento da Polícia Civil senão ao crime organizado? Por que uma instituição tão relevante para a sociedade está sendo colocada à margem na gestão deste governador”, indaga a presidente do Sindpesp.
Para ler a reportagem do Estadão de um ano atrás, clique:
http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,estado-deixa-de-cobrir-16-dos-cargos-de-delegado-e-14-das-vagas-de-investigador,10000076788
Para conferir o déficit atual da Polícia Judiciária paulista, clique:
https://sindpesp.org.br/defasometro.asp