Delegados das Polícias Civil e Federal de São Paulo participaram, na manhã desta quarta-feira (28/08), da “Semana do Advogado” na Universidade Presbiteriana Mackenzie, a convite dos estudantes do Centro Acadêmico João Mendes Jr, por indicação do advogado e mestre em Direito, Rogério Cury. O tema do dia, “Carreira do delegado”, contou com palestras da presidente do SINDPESP, Raquel Kobashi Gallinati; da presidente do SINDPF SP e diretora da ADPF SP, Tania Prado; do presidente da ADPESP, Gustavo Mesquita; e do delegado de polícia Arnaldo Rocha Junior.
Raquel Gallinati fez críticas ao projeto 7596/2017, a Lei de Abuso de Autoridade, aprovado na Câmara dos Deputados na última semana. “Nós, delegados de polícia, juntamente com outras carreiras, estamos reivindicando o veto da Lei de Abuso de Autoridade. O projeto veio em um momento totalmente inoportuno e promove uma inversão de valores porque pretende intimidar os que enfrentam criminosos”, ressaltou.
A presidente do SINDPESP falou ainda sobre as funções do delegado de polícia e comentou a situação caótica da Polícia Civil paulista. Ela defende mudanças estruturais para que a instituição “não fique à mercê de ingerências políticas e sem autonomia institucional”. “Nós temos atribuição de investigar todas as pessoas, independentemente do crime cometido. Mas ao deixar de investir da Polícia Civil, ela fica enfraquecida e consequentemente, a atribuição legal e constitucional da instituição fica comprometida”, enfatizou Raquel.
Tania Prado, por sua vez, falou sobre a sua trajetória profissional como delegada na cidade de Foz de Iguaçu, no Estado do Paraná, região da tríplice fronteira. Ela expôs o fundamento constitucional e normativo da Polícia Federal e da carreira, além de pontuar os próximos desafios da classe para que as investigações sejam mais eficientes, proteção constitucional ao funcionamento e orçamento da PF, necessidade de mandato para o diretor-geral da PF e a abertura de novos concursos para preenchimento dos cargos vagos.
A delegada federal ressaltou ainda a luta pela autonomia da instituição para que não haja interferências políticas a cada mudança de governo, prejudicando o trabalho dos policiais federais no combate ao crime. “O governo pode reduzir a Polícia Federal a pó”, completou Tania.
Gustavo Mesquita abordou questões da sua trajetória e as atividades exercidas dentro da conduta policial, como as prisões em flagrantes, inquéritos policiais e demais investigações. Arnaldo Rocha Junior falou sobre a história da Polícia do Império até os dias atuais e chamou a atenção dos estudantes para a responsabilidade do cargo.
Após o fim das palestras, os estudantes tiraram dúvidas com os delegados sobre assuntos relacionados à carreira.