“Estamos doentes! A estrutura que nós temos para trabalhar é de total esgotamento”. O desabafo foi feito durante reunião do SINDPESP com os delegados do Departamento de Polícia Judiciária 3 e membros da Ordem dos Advogados do Brasil local. Eles se encontraram na tarde desta segunda-feira (15/07), na sede da OAB Ribeirão Preto, para debater as precárias condições de trabalho dos policiais e delegados da região. Esta foi a sexta visita do cronograma de ações que o SINDPESP está cumprindo nos Deinters de todo o estado de São Paulo.
Os profissionais da região sofrem com sobrecarga de trabalho, acúmulo de funções e trabalho em escala de sobreaviso durante todo o mês, sem descanso. Tudo isso devido ao deficit de 38% no quadro de pessoal da polícia local.
Ribeirão Preto está entre as três regiões que possuem a maior defasagem do Estado. Dados de dezembro do ano passado, divulgados pelo SINDPESP no Defasômetro, apontaram que é necessária a contratação de quase mil policiais para equalizar o deficit e poder oferecer melhor atendimento à população. “Esse descaso do governo com a situação não é só com a Polícia Civil, é com toda a sociedade”, afirmou presidente do SINDPESP, Raquel Kobashi Gallinati.
Durante o encontro, os presidentes das subseções os presidentes das subseções regionais da OAB expressaram o apoio às reivindicações da Polícia Civil e reconheceram o impacto que o sucateamento da instituição causa em todo o sistema judicial. Para o presidente da 12ª Subseção de Ribeirão Preto, Luiz Vicente Ribeiro Corrêa, “a Polícia Civil está em segundo plano. Não podemos admitir que um policial civil doe sua vida para proteger a sociedade e tenha estrutura precária e salário ruim”.
Apesar dos policiais trabalharem à exaustão para garantir o mínimo atendimento à população, as investigações ficam prejudicadas com a falta de profissionais. Essa situação é agravada pela falta de reajuste salarial que torna os vencimentos da polícia paulista um dos mais baixos do Brasil. “O governador prometeu, durante a campanha, corrigir as injustiças salariais cometidas durante os últimos 20 anos dos governos estaduais, mas até agora não há uma sinalização clara sobre quando virá, nem o índice do reajuste”, disse Raquel.
As questões psicológicas dos policiais e delegados também foram citadas pelos participantes. No Deinter 3, assim como em todas as regiões visitadas pelo SINDPESP, os casos de suicídios e transtornos mentais entre os profissionais da instituição também acontecem com cada vez mais frequência.
Ao final, Raquel Gallinati agradeceu à OAB nos pleitos da Polícia Civil e que reiterou que a parceria entre as instituições garante o Estado Democrático de Direito. “Não atuamos para condenar e nem incriminar, mas sim para chegar na verdade possível dos fatos. É muito importante a união dos advogados e delegados nessa luta para que não haja desequilíbrio no sistema justiça criminal.”