Delegados do Deinter 10 relatam rotina desgastante de trabalho e tiram dúvidas sobre Reforma da Previdência

Policiais de mais uma região do estado de São Paulo denunciaram ao SINDPESP os sérios transtornos que a falta de efetivo na Polícia Civil está causando na rotina dos que integram a instituição. Nove plantões por mês, delegados respondendo por três cidades e descontrole emocional são algumas das realidades que policiais e autoridades do  Departamento de Polícia Judiciária (Deinter 10), de Araçatuba, estão submetidos.

Delegados das seccionais de Araçatuba, Andradina e das cidades que compõem o Deinter 10 estiveram reunidos nesta quarta-feira, (04/07), com a presidente do SINDPESP, Raquel Kobashi Gallinati,  para esclarecer as demandas locais e tirar dúvidas sobre a tramitação da Reforma da Previdência em Brasília. O assunto de maior repercussão entre as entidades de carreiras policiais atualmente também é uma preocupação entre os ativos e aposentados do interior.

Após uma exposição completa dos cinco pleitos prioritários que ainda estão fora da PEC 06, Raquel Gallinati explicou que o texto está na Comissão Especial para votação dos deputados. “Como nenhum dos partidos apresentou destaques que visam igualar o tratamento dos policiais militares com os demais profissionais da segurança pública, como policiais civis, federais, guardas metropolitanos e policiais federais rodoviários, a União dos Policiais Brasileiros organizou uma manifestação em frente ao Congresso Nacional da qual o SINDPESP participou. A grandeza do ato fez o Bolsonaro ouvir nossa indignação. Agora estamos no aguardo do relatório. Caso a votação seja negativa para nós, a luta por uma aposentadoria justa não vai parar por aqui”, ressaltou.

Os delegados questionaram ainda sobre a pensão por morte e o contexto para os aposentados. A presidente afirmou que a modificação destes itens está nas mãos dos deputados. As entidades pedem ainda por regras de integralidade e paridade para aqueles que ingressaram na polícia depois de 2003, regra de transição, idade mínima para as mulheres e o fim das alíquotas de contribuição.

SÃO PAULO
As notícias no âmbito estadual também não são favoráveis. O grave problema da falta de funcionários ainda é predominante na região de Araçatuba. Dados do defasômetro do SINDPESP mostram que apenas 446 cargos estão ocupados, ou seja, 203 estão vagos, o que representa uma defasagem de 30%.

“O sindicato ingressou com uma ação na Organização Internacional do Trabalho (OIT) denunciando o dano existencial que atinge as carreiras da Polícia Civil. Houve acolhimento e recepção desta denúncia. Ela está em Genebra e obviamente demora, mas o estado de São Paulo pode ser condenado por violar normas da OIT”, explicou Raquel Gallinati sobre uma das intervenções do SINDPESP para tratar do deficit na instituição.

O sobreaviso que os policiais e delegados estão submetidos nas duas seccionais do Deinter 10, que compreende 43 municípios, foi relatado pelos participantes da reunião. Cinco plantões em cidades distintas, nove plantões por mês no mesmo DP e atribuições que não competem com atividade de Polícia Judiciária acarretaram em um número alto de profissionais com instabilidade emocional e psicológica, segundo depoimentos dos delegados.

Devido ao aumento no número de suicídios de policiais e diagnósticos de doenças psiquiátricas, o SINDPESP oficiou à Secretaria de Segurança Pública (SSP) a frequência dos casos de “síndrome de burnout”, o esgotamento profissional que está acarretando em fatalidade, principalmente entre integrantes da Polícia Civil do interior do estado.

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