Os delegados de polícia do estado de São Paulo realizaram assembleia geral extraordinária, na noite desta segunda-feira (03/06), com intuito de discutir sobre as mobilizações contra os baixos salários. A reunião foi convocada pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (SINDPESP) e pela Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP).
Cerca de 30 delegados participaram do evento que terminou com quatro decisões: se unir com as outras profissões das polícias para buscar maior valorização; realizar um trabalho de desconstrução da situação de penúria da Polícia Civil perante a sociedade, por meio de uma empresa de marketing que impulsione publicações nas redes sociais e nos veículos de mídia; entregar ofícios e realizar visitas às autoridades solicitando a inclusão da proposta de reajuste salarial no orçamento do plano plurianual do governo; e organizar mobilizações mensais para se manifestar contra o sucateamento da Polícia Civil frente ao governador e secretário de segurança pública.
“Não é exclusividade dos delegados o salário-deboche que é pago pelo governo de São Paulo. A situação está insustentável e estamos cansados das trapalhadas políticas”, disse a presidente do SINDPESP, Raquel Kobashi Gallinati.
O delegado e deputado estadual Delegado Olim esteve na reunião e confirmou que não faltam verbas no governo para investir no reajuste. “Há orçamento para ser investido na segurança pública, não tem falta de dinheiro para nada”, afirmou.
O vice-presidente da ADPESP, Abrahão José Kfouri Filho ressaltou a importância da união das polícias para que o objetivo comum seja alcançado. “Às vezes, fico emudecido. Após 52 anos de assembleias, ainda debatemos as mesmas coisas, expectativas, dúvidas e decepções. Nós não conseguiremos nada se não fizermos algo em conjunto com as outras forças policiais. Nada virá se não for em conjunto”, avaliou.
Gilberto de Castro Ferreira, vice-presidente do SINDPESP recordou que a promessa salarial realizada por Joao Doria não foi explicada até então. “Hoje, a situação é ridícula, precária e, mesmo com algumas vitórias, nada resolveu o nosso problema. Não adianta fazer promessa de que vai pagar o segundo maior salário do Brasil até o final do mandato sem que haja um estudo real. O que cobramos do governador e do secretário (da segurança pública), este, quando estivemos com ele, foi nada mais que assinalasse como isso seria feito. E até agora, não temos nada que comprove a promessa”, pontuou.
A diretora patrimonial do SINDPESP, Juliana Ribeiro Manikkompe, falou sobre a importância da inclusão do reajuste salarial no orçamento plurianual. “Nós estamos permitindo que o governador comprove a veracidade de sua promessa. Temos uma dupla visão dos fatos, a primeira é a que já estamos acostumados com essas promessas de políticos, mas a segunda é que ainda podemos acreditar que isso seja viável, desde que aconteça a inclusão no orçamento do plano plurianual porque, se assim não for feito, já saberemos que não passa de mais promessa vã como as que já cansamos de escutar dos governos anteriores”, disse.
O secretário-geral do SINDPESP e diretor de mobilização, logística e assuntos profissionais da ADPESP, Arnaldo Rocha Junior, por fim, apresentou dados e estudos realizados com colegas comparando a situação dos policiais de São Paulo com os outros estados e ressaltou que, para que seja cumprida a promessa salarial feita, o caminho não é tão simples. “Joao Doria terá que mostrar de três ações, qual ele vai querer fazer. Se vai permitir que a Alesp proponha o aumento do subsídio dele pra 33 mil, se vai permitir uma alteração na Constituição do Estado de São Paulo para criar um teto único com base no teto do Judiciário ou se vai mudar especificamente o artigo 115 da Constituição do Estado de São Paulo e tirar os delegados do Executivo e passar para o Judiciário”.
Fernando David, secretário-geral da ADPESP, destacou a presença e a representatividade de delegados que atuam em várias entidades e em vários setores, até na política. “A mesa mostra que a união dos delegados está acontecendo e nós precisamos não só ficarmos na seara política, mas também estender a aliança aos membros da classe que labutam nos plantões e inclusive às outras carreiras policiais”, afirmou.
Primeiro passo
O primeiro ato dos delegados está programado para esta quarta-feira (5/6), durante a Reunião do Conselho de Polícia, que acontecerá às 10 horas na Delegacia Geral de Polícia do Estado de São Paulo.
Considerando que o governador prometeu que o salário da Polícia Civil de SP seria o mais alto do Brasil, o SINDPESP e ADPESP entregarão um ofício indagando qual será a porcentagem inserida no orçamento e no plano plurianual para efetivar a sua proposta.