Déficit de policiais civis na Baixada Santista atinge 24% e compromete combate ao crime organizado, alerta Sindpesp

Santos, Guarujá, Bertioga e Cubatão, cidades da Seccional santista, têm um quarto de policiais civis a menos, como mostra Defasômetro, ferramenta do Sindicato dos Delegados do Estado de São Paulo que monitora baixas na instituição

A Polícia Civil da Baixada Santista e Litoral Paulista enfrenta déficit de 24%. Com isso, são menos policiais para atender a comunidade, investigar crimes e fechar o cerco às facções do tráfico de drogas que dominam a região e estão levando terror à população. Sem contratações e valorização urgente dos profissionais de Segurança Pública, a situação tende a piorar, como alerta a presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp), Jacqueline Valadares:

“Uma das consequências do desmonte a que a Polícia Civil foi submetida nos últimos anos, e que temos denunciado, é este cenário na Baixada Santista, com facções cada vez mais especializadas e se sentindo à vontade, inclusive, ao ponto de investirem contra agentes da lei, como ocorreu no atentado covarde, dias atrás, que tirou a vida de um policial militar, trabalhador, pai de família”, reforça a delegada.

Na área da Delegacia Seccional de Santos, que abarca também os municípios de Guarujá, Bertioga e Cubatão, deveriam ser 561 os cargos ocupados. Contudo, apenas 426 estão preenchidos – faltam 137 policiais civis, o que representa um déficit de 24%. Os números são de outubro de 2022, do Defasômetro, ferramenta do Sindpesp que contabiliza as perdas nos quadros da instituição por morte, exoneração e aposentadoria.

Na Baixada Santista faltam, principalmente, agentes policiais. Hoje, há 60, quando o mínimo seriam 193. Além disso, são dois papiloscopistas para seis vagas; e dez auxiliares de papiloscopista para 26 cargos, que deveriam, em tese, estar ocupados. Números de 2023 estão sendo atualizados, via Defasômetro. Sendo assim, a situação deve ser pior, conforme prevê Jacqueline:

“Com base nos números que temos de 2022, já se verifica um quarto do quadro da Polícia Civil da região de Santos em aberto, ou seja, faltam policiais para atender melhor a população, solucionar casos, investigar crimes, fechar o cerco contra o tráfico de drogas – latente na região, que, para piorar, ainda tem o maior porto do País (o Porto de Santos), e que vem sendo usado pelo crime organizado para o escoamento de drogas para todo o mundo. Sem investigação, a sensação de impunidade gerada no criminoso estimula a prática de novos delitos”, lamenta a presidente do Sindpesp.

16,5 mil policiais a menos no estado
No quadro geral do Defasômetro, já levando em consideração dados de junho de 2023, há 16.599 cargos não preenchidos no estado – um déficit de 38,5%, que compromete diretamente o serviço prestado ao cidadão e o combate ao crime, como demora no atendimento nos plantões policiais e represamento das investigações:

“É um momento extremamente preocupante para a Polícia Civil de São Paulo. É preciso que haja contratação urgente para recompor esses quadros e, também, a preocupação do Governo do Estado em manter os servidores. Não há razoabilidade São Paulo, que é um estado com alto índice de criminalidade, e com organizações criminosas extremamente violentas, pagar ao seu profissional de Segurança Pública um dos piores salários do Brasil”, adverte.

Terror
A Baixada Santista vive uma onda de confrontos desde o assassinato do soldado da Polícia Militar (PM) Patrick Bastos Reis, durante patrulhamento. Operações policiais já resultaram em 16 mortes e 58 prisões, inclusive de acusados de matar o PM. Na 3ª feira (1º/8), outros dois policiais foram feridos a bala. O governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) chegou a declarar que a Baixada Santista foi “tomada pelo crime organizado”.

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